Um dos peludos

Um dos peludos
Faraó

domingo, 28 de março de 2010

Um cadáver... diferente

Num boteco da periferia de Curitiba, nos idos dos 80, após a bebedeira e um jogo de cartas, uma briga começa. Sururu montado, alguns do grupos dos "deixa disso" assistindo e outros se afastando, enquanto dois homens se ameaçam; Em segundos se engalfinham e, já fora do recinto, em plena rua de macadame poeirento um deles consegue atingir seu desafeto com um certeiro golpe de arma branca e o fere mortalmente. O caído se agita um pouco e morre. Polícia chamada, ninguém viu, ninguém sabe nada, exceto que um cadáver está ali naquele chão ensanguentado. O assassino, que matara em legítima defesa, já tinha se "pirulitado". Sei lá se seria ou foi localizado. Depois dos peritos do Instituto de Criminalística terminarem a perícia do local, chegou a vez do IML atuar; chega a viatura do IML - dizem camburão - com motorista e um auxiliar. Com esforço colocam o cadáver no gavetão branco, já meio descascado e ainda com marcas do caso anterior e o levam para o necrotério do IML. Médico legista é chamado e junto com o auxiliar de necropsias começam o exame. O auxiliar dita e o médico também ao lado da mesa, vai anotando na ficha apoiada numa prancheta. Homem branco, olhos castanhos, cabelos pretos, dentes em regular estado de conservação. Jaqueta de napa preta, camisa de tecido sintético com estampa do Corinthians, com grande mancha de sangue na região do coração, meias pretas e botina preta; Ao se preparar para baixar a calça do morto até os joelhos percebeu que o morto devia ser "bem dotado" e continua o ditado  - Cueca branca, tipo sunga. O auxiliar interrompe a descrição, olha para o médico e comenta: poderoso hein doutor? A cueca  estava esticada pelo volume do pênis, que parecia estar em ereção e pelo visto seria classificado como dos maiores já vistos. As roupas íntimas somente são retiradas posteriormente. Tirada a jaqueta, o legista vê um rasgo na camisa que coincide com a região do precórdio (face anterior do tórax e do coração) de onde ainda flui um pouco de sangue, A pontaria tinha sido boa e provavelmente a faca teria penetrado no coração. O auxiliar corta a camisa pelo lado direito para retirá-la sem prejudicar a perícia que ainda se fará no Instituto de Criminalística. Surpresa. O cadáver tem mamas de aspecto feminino, não grandes porém maiores que as da maioria dos homens. Homens podem ter mamas grandes: obesos por lipomastia (mamas com mais tecido gorduroso), homossexuais por uso de hormônios, os portadores de cirrose hepática por alteração no metabolismo hormonal, enfim há homens peitudos. Deteve-se o doutor a estudar o ferimento, que realmente atingira em cheio o ventrículo esquerdo do coração e tinha 3,5cm de extensão. Não haveria chance de qualquer atendimento médico para a vítima pois em três ou quatro batidas do coração, a cada sístole (contração cardíaca) pelo ferimento seriam ejetados 250 a 300ml de sangue ou até mais, resultando em rápida baixa da pressão sanguínea e queda ao solo. Para continuar o exame o auxiliar retirou a botina, as meias e a calça cortando-a pelos lados para facilitar. Cortou os lados da cueca e ao tracioná-la para baixo, veio junto o membro viril de tamanhas proporções. Assustados, legista e auxiliar, viram que o pênis nada mais era do que uma prótese artesanal feita com um pé de meia, preenchida por outros pedaços de pano. (me lembrei das bolas de meia com que, quando infantes, jogávamos futebol). E o tal cadáver tinha vulva, vagina, mamas femininas etc. Era um falso homem, com falso pênis, vivendo uma falsa história porém com morte verdadeira. Souberam depois que o companheiro morrera e necessitando trabalhar assumiu a identidade do marido numa empresa de serviços gerais. Se travestira de homem em função do salário maior e para vingar a morte do marido; Passou a frequentar os mesmos ambientes que o seu falecido na esperança de encontrar quem o matara. Encontrou outro, que a matou. Triste fim de uma lutadora e de um pênis que poderia ser o maior, se não fosse ....de meias.

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